Equilibra e segue.


Olhei no muro e ali estava:
"Em um mundo mantido pela mentira qualquer expressão de verdade é loucura"

Estava em um táxi, trânsito dos bons com direito a bloco de carnaval na rua, apetrechos na cabeça das meninas, sotaque lá da Bahia do moço que dirigia  e alguns suspiros que eu ouvia porque iria chegar tarde no evento.

Acabei por me atentar aos detalhes, logo a frente estava meu grafite preferido daquela cidade de céu roxo, no rádio Elis Regina, o bêbado e o equilibrista.

Arrepiei, é engraçado quando nos damos conta da sincronicidade do Universo, tenho vontade de dizer que tudo está onde deveria estar, mas assim que termino de escrever essa frase me lembro de tudo que há de errado com essa migalha de governo que nós temos.

Com a migalha de educação e saúde que conseguimos ter ao longo da vida, com a migalha de bem estar do nosso povo, com a migalha de paz...

Mas, quando olho pro lado, vejo uma familia, feliz da vida, mesmo de baixo de sol quente do meio dia enquanto Elis entoava "fazia irreverências mil pra noite do Brasil" e aí me bate uma esperança, meu povo junta migalhas e faz virar um pão inteiro meus senhores!

Enquanto a TV diz que a cidade de Brumadinho está abandonada, minha youtuber favorita diz que tem super lotação de voluntários... Meu Brasil faz das migalhas um pão e divide!!!

O moço do táxi, conta que pega trânsito praticamente todo dia: "pudera, uma cidade desse porte não teria como movimentar tanta gente, todas arrumadinhas, vamos no bom humor e olha que eu estou de ressaca", meu povo faz migalhas virar pão, divide e ri!

Enquanto aquele bloquinho se preparava para sair mesmo trancando o trânsito, observei 3 senhores e 1 cachorro, sentados na calçada, uma churrasqueira improvisada e talvez alguma carne existia ali, não fui capaz de perceber. Estavam eles por lá, camisas com botões abertos, chinelos ao lado, cerveja na mão, algum sorriso sem dente. Meu Brasil faz das migalhas,  pão, não reclama e nem vê, apenas segue porque amanhã, vai ser outro dia como diria Chico.

Temos migalhas de gente que se diz poderosa, mas de migalha em migalha o formigueiro sobrevive, ataca as cigarras e cobra com juros.

Brasileiro se faz de cigarra, deixa o circo pegar fogo, curte o carnaval,  mas na hora do tranco trabalha como formiga.

Torço para que a cor continue, para que se tenha mais carne na churrasqueira improvisada, que a alegria nunca acabe e que saibamos usar o sol do meio dia.

Se a verdade é a loucura então que sejamos todos loucos.

Faz das migalhas pão e segura a esperança pelo mindinho, porque o show tem que continuar.

Avante.
                                                                                                                      Lectícia Péttine





Comentários

  1. Tanto quanto possível quero seu olhar. Obrigada por este intenso momento. Até breve

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