Soturno
Você gritava sem um mínimo de timidez "É POSSÍVEL AGORA", era louco, me fazia pensar que tudo era possível e na verdade... Ah na verdade, era apenas eu que achava que tudo era possível, ele era como um espelho mágico que mostra e faz acreditar que aquilo é sério, mas na verdade, é apenas um jogo.
É verdade quando dizem que cachorros que ladram não mordem, e eu ainda completaria com "e gatos mansos logo se vão".
Foi você e mais alguns que me fizeram roubar todo aquele amor e aquela loucura toda pra mim, o melhor é que vocês giram ao redor do mundo e eu continuo girando ao redor de mim, como se fosse toda a droga daquela música alta e o conhaque que descia quente daquela quinta-feira... Diariamente.
Se a doença fosse alcoolismo eu acharia um pouco mais normal, doenças da carne pecados pra depois, doenças da alma pecados pra eternidade, afinal esse corpo não nos pertence, mas a alma?
Foram eles que me fizeram rodar ao redor de mim, todo aquele egocentrismo deles, eu roubei pra mim, toda a felicidade deles e toda a ignorância... Eu roubei pra mim.
Jamais trocaria um beijo na mão e outro na testa por um colar de diamantes... Se não fossem eles.
Meu amor ? Acho que comi.
Um pouquinho de Verônica ainda existe aqui, eu sei, aquele cabelo arrumado sem um fio fora do lugar continua pra impressionar, a maquiagem perfeita, o salto alto com saia palito? Sim continuam, lindamente no meu quadril, mas vou contar pra vocês meus caros, que nos meus melhores momentos o cabelo repicado toma conta, a saia palito se troca pela lingerie e o chão da sala coberto por pipoca e cerveja barata.
Não posso negar a música alta depois da meia noite, e sim estarei sozinha esperando eu em algum momento.
O mundo é menos cruel assim meus amores, aprendi com vocês.
Me apaixonar por cafajestes é tão fácil, a certeza de não ter nada duradouro me deixa leve e calma.
Não se desesperem se por um acaso eu fugir pra Flórida...Pode vir se quiser, mas baby...Chegue tarde.
Ter, 30 de Março, 2005
Vêronica, pra ele e pra tantos outros.
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Não é verdade que eu não tinha nada... Eu tinha o rádio ligado. - MM
Lectícia Péttine
"Verônica, isso me cheira a monólogo!" Por que não? (A medida que as palavras correm elas sempre me arrastam um arrepio. E depois a mesma emoção ardente. Obrigado por você existir, quero dizer, escrever...)
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