Vida que segue?
E vida que segue...
Para a senhora de olhar cansado,
Pro senhor do batuque naquela caixa d'água, azul e cinza por dentro,
Para a criança que chora sem saber o porquê,
Para mãe que queima a barriga no fogão e grita para que o cachorro pare de latir,
Para o pai desempregado que acorda sem saber como acordar,
Para a menina enamorada pela vida, numa janela de flores,
Aquela mesma menina que não encherga o perigo dos cascalhos de vidros no muros,
Pelo menino sambista, que passa a correr com uma bola de futebol entre os pés,
Aquele mesmo menino que não entende porque acham a vida tão perigosa,
Para o cachorro que vira o latão de lixo pela manhã,
E para a mulher perfumada e calada que vasculha os recicláveis a noitinha,
Para o ébrio desprezado e chutado pela crueldade da vida,
Vida que segue,
Para o estudante que não entende a sua vida,
Para o trabalhador que se sente robotizado, irônizado pelo mundo circular,
Para aqueles fantasmas invisíveis que gozam de uma vida cor-de-rosa,
Aqueles que não podemos ter ideia de que imensidão de mundo conhecem,
Por estarmos muito ocupados e preocupados com o que pode vir a faltar no próximo mês.
A vida parou de seguir,
Quando a criança faleceu sufocada,
Quando a mãe agonizou,
E o pai realmente desistiu de acordar.
Quando a menina gritava,
O menino parava...Se perdia,
A vida parou,
Para o cachorro que cheirava agora,
o corpo perfumado daquela que acompanhava seu trabalho.
E o estudante se que revoltava, mas não sabia como agir,
E o trabalhador ao ficar cego, não tinha mais um coração,
No lugar do coração, morava aquela velha nota de um real,
E o que foi chutado, falava frases desordenadas para aqueles que levam a vida cor-de-rosa, e era chutado outra vez,
E estes sorriam, e roubavam a vida daqueles que se preocupavam em nada poder fazer...
Lectícia Péttine
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