Olá quarentena
Corre corre, que o tempo passa e a vida não espera, atende o telefone, responde mil mensagens no whatsapp, posta um video do café, faz a mala, desfaz a mala, escuta o cachorro latir, olha o horizonte do alto do morro, olha a terra do alto do céu, pela janela do avião, da parabéns pra sua amiga, pergunta como sua vó está, bom dia pro vizinho, pega a bike, sente o vento, vê o por do sol. Olha para as estrelas, passa brilho no olhar, pega o vestido florido, bebe, ri, desnorteia, vê o nascer do sol. Desliga o alarme, soneca, cochila, sonha, acorda, corre, que o tempo passa e a vida não espera, boa tarde pro moço da rua, boa noite senhora, come, olha mas não repara a TV, lê mas não entende, cai no sono.
Pandemia.
Silêncio.
Passarinhos.
Acorda, desliga o alarme, acorda, toma banho, almoço?! Almoço, livro, bom dia e um papo com a mãe, ri, olha e repara a TV, exercita, “boa tarde vó, tudo bem com a senhora?”, filme, vê o por do sol, boa noite manas, desliga o telefone, 3h? Como?, deita, teto, roda, teto, travesseiro, janela. Estrelas. Amanhecer. Não corre, a vida ainda não espera e o tempo ainda corre. Silêncio. Arruma os armários da cozinha.
Vela, pausa, respiração, corpo, paz, saudades, sorrisos, aconchego.
A vida te traz pra mais perto de você.
Gosto, cheiros, sons, atenção, presente.
O momento presente.
Nada mais.
Acalma o coração.
Nada é por acaso.
Respira.
Vai até a janela, olha e repara que o céu apesar de toda desgraça humana,
permanece estrelado.
Vai até a janela, olha e repara que o céu apesar de toda desgraça humana,
permanece estrelado.
Pelo menos os armários da cozinha estão arrumados.
Presente.
Lectícia Péttine
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